"Defender o yoga"

Frequentemente, entre professores, praticantes e até meros simpatizantes de yoga verificam-se criticas, indignações, até movimentos para “defender o yoga”!

Defender o yoga de quê, ou mais precisamente, de quem?

Aparentemente é de usurpadores, deturpadores, e mal informantes. Pessoas, empresas, que se aproveitam do yoga para ganhar dinheiro, o usam na publicidade, o usam para se dar importância, ganhar fama, seguidores, etc. Pessoas que não percebem bem o yoga , a sua “essência”, a sua origem e propósitos “verdadeiros”, o valor supremo da “tradição”, e por isso, com ou sem malícia, deturpam a sua “pureza”.

Bem, eu duvido que o yoga tenha uma origem e propósitos únicos, desconfio muito de discursos moralistas acerca de purezas, para mim tradições jamais são puras e intocáveis, e até diria que é algo ridículo falar na “essência” do yoga, ou de “verdadeiro”yoga. É que yoga, para mim, é o processo de auto conhecimento. Yoga sou eu a auto conhecer-me, a reconhecer-me, a meditar, a concentrar-me…Muita gente que nunca ouviu a palavra yoga é yogi, e muitos yogis famosos mais parece que nunca a ouviram! Por tanto, para mim, não há por aí nenhum yoga, autónomo, que exista de per si, e para si, de que se possa falar como se fosse uma objecto ou um sujeito. Nem sequer é uma cultura.  E, por arrasto de raciocínio, também não existe um tal yoga que se possa atacar, ou defender, ou deturpar, usurpar,
etc. 

O que vejo é muita possessividade de professores, que criticam outros actores do mundo, especialmente outros professores, porque gostam de se diferenciar deles (por uma questão de marketing…) e porque, não obstante tantos discursos de humildade e desapego, gostavam de ser donos do yoga, ou pelo menos impor a sua visão acerca do que o yoga é e deve ser aos demais. É ego…logo no yoga, este mundinho onde se fala tanto de união!

Tanto me faz se uma empresa de colchões, um banco, uma cervejaria ou um professor de yoga usam a palavra yoga para o que, e como quer que seja. Podem buscar e vender autoconhecimento, sexo depravado, ou simplesmente dinheiro. Ou tudo. É-me indiferente se é yoga pela paz, ou para viagens astrais, para rir, endireitar a coluna, ter orgasmos explosivos, vender incensos de bosta de vaca, empréstimos bancários celestiais, ou adquirir firmeza nos gluteos! “yoga” é só uma palavra. Não sou, nem ninguém é, dono dela. E o que quer que digam e façam com tal palavrinha, não é isso que me vai ajudar ou prejudicar no meu processo de autoconhecimento, a que eu chamo yoga, com nem mais nem menos direito que qualquer outro. 

E se, por absurdo, alguém registasse comercialmente a palavra "yoga", ou "hatha yoga", ou "vedanta"?! Suponhamos que isso era possível ( e acho que não é!), e um chico esperto passava a ser dono da palavra, e a pedir royalties pelo seu uso, ou proibia todos os demais de usá-la...algo do genero. E dái? Eu poderia continuar a ser yogi, tal e qual. E se fosse problemático usar a palavra podia sempre usar...yoge,  ioga, ou iouga, ou samkhya, ou auto conhecimento, ou método tony, ou outra denominação qualquer, ou nenhuma! E daí? Não seria nem mais nem menos yogi por isso.


Tudo bem, não sou a favor de passividade, e acho bem que se resguardem patrimónios da humanidade, para toda a humanidade. Mas e que tal um pouco mais de desapego, e foco no essencial?
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Yoga: a luta pela diferenciação



No mundo do yoga observa-se frequentemente, e intensivamente, o seguinte padrão de pensamento binário:
Verdadeiro - Por um lado os yogins consideram que o seu yoga é o verdadeiro, autentico, legitimo, tradicional, antigo, etc. “Eu não invento nada, apenas vivo e passo o yoga autêntico como me foi passado a mim, sem por nada meu.”

Falso - Por outro lado consideram que o yoga dos outros, o yoga diferente do seu, é um desvirtuamento, uma deturpação, uma invencionice. Usualmente este yoga diferente é catalogado de moderno, contemporâneo, desmembrado, simplificado. E considera-se este yoga ilegítimo, claro.

O problema é que os vários tipos de yoga se consideram igualmente de…yoga! Perante o público leigo, o mercado (ou seja $$$), todos se apresentam com o mesmo rótulo: yoga.

E se isso gera confusão, algo ainda mais visceral é gerado quando os professores em causa, os profissionais, que vivem do yoga, perante a comparação, acham que estão a ser desfavorecidos. Desfavorecidos em quê? Em atenção e reconhecimento. Mais concretamente desfavorecidos em numero de alunos nas suas aulas e cursos, em apreciação pelo dono da academia onde trabalham, em dinheiro ganho.

Essa reacção visceral atinge os pícaros da indignação (irritação mesmo) quando os professores de yoga vêm corporações capitalistas que nada têm a ver com o yoga a usar a sua imagem (paz, serenidade, bem estar, etc), sem pudores, para vender os seus próprios produtos e a ganhar milhões com isso. E eles continuam (relativamente) pobres e desconhecidos.

E claro, os que acreditam que são portadores do “verdadeiro yoga” sentem-se os verdadeiros donos do yoga (embora jamais o digam. Mas deixam-nos escapar quando rugem contra o uso indevido do “nosso estilo de vida”, da “nossa herança cultural”). Portanto sentem que o uso da palavra e imagem do yoga pelas corporações ou pelos "yogas deturpado"s é um verdadeiro roubo.

E perante isto ladra-se. Berra-se. Ás vezes com educação e serenidade, para “esclarecer”, outras vezes rugindo como cão esfomeado. E quase sempre com o coração, porque estamos a falar de convicções profundas, crenças.

Se os professores de yoga, do “yoga verdadeiro”, se sentem donos do yoga, obviamente acham que não devem ser eles a abdicar da palavra-rótulo yoga para efectuar uma diferenciação. Pois se a palavra é deles! Os outros, que deturpam e usam ilegitimamente a palavra é que deveriam abdicar dela.

E perante isto ladra-se. Berra-se. Quase nunca de uma forma tão assumida e clara como estou aqui a enunciar.
Aliás, por falar em assumir-se…

Os que se consideram veículos (e donos) do “yoga tradicional autentico” também não são muito assumidos, muito embora falem muito em auto-conhecimento. Por exemplo raramente assumem que têm uma visão essencialmente religiosa do yoga. Porque religião, como yoga, é um rótulo, um rótulo que neste mundo gosta de se evitar. Prefere-se dizer que é uma cultura… O que raios é uma cultura? Depois de tantos séculos a falar intensamente de cultura pode ser qualquer coisa, tudo é cultura, é cultivado, é obra do espírito humano. Cultura é um generalismo, vazio de sentido, que é usado como subterfúgio para esconder a religiosidade profunda de muitos “yogas legítimos”. E embora quase todos os tipos de yoga, “autênticos”, se organizem como pequenas grupos, pequenas seitas, tal e qual como na Índia tradicional, nunca o assumem. Seita é mais um rótulo, usado para diferenciar negativamente os demais, os “yogas deturpados”, os dos outros.

E nestas lutas pela diferenciação, na busca de atenção e reconhecimento, para “esclarecer”, para “defender a verdadeira tradição”, os yogins, ou melhor, os profissionais, lutam entre si, sem armas de fogo, mas com fogo na língua. Lutam muito, e querem ser diferentes, e acabam por denotar todos os seus egoísmos e sectarismos, dos mais comuns, demonstrando ser iguaizinhos a todos os que criticam, iguaizinhos ao mais comum dos seres humanos, condição que querem transcender. Sim, porque embora esteja na moda dizer que o yoga apenas revela quem já se é, na pratica quase todos vendem praticas e uma imagem de saúde, bem estar, serenidade, plenitude, sabedoria, a ideia é transmitir que se possuí um Conhecimento fantástico que liberta, é paz, é felicidade, é existência plena e eterna. Precisamente o que se nota que os yogins não têm quando começam a querer diferenciar-se, a achar-se donos de uma cultura, a indignar-se perante o suposto roubo da mesma.

E claro, influências do Advaita Vedanta, yoga é União-Integração. Toda esta diferenciação se faz em nome do Uno indiferenciado, todas estas lutas são em nome da paz! A paz está sempre a jeito quando se trata de justificar as guerras!

Será que Brahman está restricto e apegado a uma língua, a um mestre, a uma seita ou tradição? Atman Brahman tem favoritos, é sectário, tem gostos e desgostos? Em Brahman há pecado? Sexo é sujo? Os "vendedores sem pudores de yoga deturpado" não serão também Atman-Brahman? Brahman precisa de ser defendido? Pode ser atacado?

Se alguém é yogin, e está realmente num processo de recolhimento, de isolamento, renuncia e extinção, que procura refrear-se da exteriorização e suas lutas dualistas, porque raios se importa com o que os outros vendem e ganham?

Sinceramente, que me perdoem professores amigos, que julgo extremamente competentes e honestos, dos quais gosto, com os quais gosto de aprender, os quais sei que agem por convicção, mas isto não é lutar pela “tradição”, nem pelo “verdadeiro yoga”. É apenas lutar pelo seu quinhão de atenção e por pagar as contas ao fim do mês. Se alguém se dedica realmente a identificar-se com o absoluto está preocupado em diferenciar-se, defender-se e lutar contra o seu semelhante porquê? Em nome do yoga?!?
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Yoga: o discurso contra si mesmo dos yogins.


Se temos simpatia por alguém fazemos todo o esforço do mundo para compreender, justificar, defender e apoiar essa pessoa mesmo que ela seja o mais perfeito exemplo do que criticamos.

Se temos antipatia por alguém, por mais parecido que a sua acção e discurso seja do nosso, encontramos sempre forma de a associar a tudo o que é negativo, e fazemos de tudo para parecer diferentes.

E por aí se vão forjando redes de simpatias e apoios, pequenas seitas, a maioria não assumidas, para lidar com a concorrência, a do seu semelhante, o “outro”, o Ser, aquela parte do Ser que por acaso até é a mais igual a nós em toda a Criação!

E fazemos o mesmo com esses “outro, fazemos também, e até sobretudo com o nosso “outro”, esse desconhecido, o “eu”. Gostamos muito de ser críticos, moralistas, , paternalistas etc, achamos que somos muito sábios, abertos, tolerantes, etc.. Mas mal alguém vira o foco para nós e demonstra que fazemos e dizemos (quase sempre) as mesmas coisas que criticamos (mudamos as palavras, os símbolos, o estilos) sentimos que somos vitimas incompreendidas.

Vendemos “auto-conhecimento” mas temos extremas dificuldades em olhar para nós mesmos. Para as nossas contradições, a nossa personalidade dual, cujo um dos lados não assumimos.
Invocamos tradições antigas para tentar esconder todas as novidades e remisturas que adoptamos e recriamos… Falamos em mudança enquanto nos esforçamos ao máximo para fincar pé nos hábitos enraizados e nas crenças cimentadas. Mudamos tudo o que seja necessário para não mudar realmente nada. Defendemo-nos até quanto ás mudanças inevitáveis, que não estão sob a nossa vontade. A mudança, óbviamente, é para os outros, que eu já sou sidhha. Quanto mais inseguros mais apologéticos tendemos a ser. Vendemos paz, felicidade e liberdade sem, nitidamente, a ter.
Quando queremso seduzir, e fazer um discurso bonito, falamos em Brahma, transcendência dos egos, em unidade. Quando nos apetece criticar e discriminar falamos em viveka. Há sempre uma escritura, um sutra, um ditado popular qualquer, a jeito para justificar todas as nossas pulsões, sobretudo emocionais. E se não há inventamso um sloka mais... De qualquer maneira acaba sempre numa auto-indulgencia qualquer.

Falamos de samadhi, sobre o que é, sobre como se pode ou não lá chegar...a minha tradição é mais tradição que a tua e tu só vais ficar mais tonificado ao passo que eu vou ser iluminado. Quer dizer, já sou, senão teria de confessar que não sei do que estou a falar e isto é tudo uma questão de fé...mas claro que nada disto tem nada a ver com religião!!!

Falamos de Purusha, Ishwara, Atman, Brahman. O ser. O real. O Uno. O criador. O todo. O absoluto. Deus. Deus deve ser grande mesmo, para se interessar, ou pelo menos aturar, tanta disputa em seu nome. Ou será que Deus gosta de nos ver assim, a lutar por Ele? Seria O Ser egoísta? Ou será que Purusha, e todas estas disputas em seus nomes, não são a mais pura treta? Realizar Brahman deve ser pura felicidade mesmo. Eu pelo menos acho isto tudo uma comédia de morrer a rir!

É tudo, claro, em nome da verdade, do esclarecimento, etc. É tudo uma questão de princípios certo? Errado! É quase tudo uma questão pessoal! Económica, afectiva… vaidades, lutas de mercado, lutas de poder, por reconhecimento, por atenção.

E claro que estou a falar, apenas e só, de mim mesmo. Sou um hipócrita. Vim só desabafar as minhas frustrações pessoais. No mundo do yoga que eu tenho visto nos últimos 10 anos, felizmente, é só "coerência"! ;)
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Yoga - Recuerdos de Asturias



Durante 3 anos vivi num paraíso chamado Asturias. Em Gijón fundei e dirigi a minha escola, e lá praticamos e fizemos amigos. Um dos melhores momentos eram as sextas a tarde, os treinos de ásana, onde um pequeno grupo (8 a 10) se reunia regularmente para praticar e divertir-se.

Vos echo a todos de menos. Viva Asturias. Hasta pronto y muchos besos. Leia o artigo completo CLIC

Os gurus em torné

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O racismo espiritual e os gurus em tornné para a colecta...

Hoje vieram colocar-me na escola mais uns belos panfletos de mais um guru vindo da Índia, que está de tornné, vem fazer a colecta.

Os panfletos são os melhores que jamais vi para um evento de “espiritualidade a la hindu”. O evento é de dia e meio e a participação custa apenas 30 euros. O evento é de dimensão nacional.

Em que consiste? Bem, vou dar a minha versão sintética e cínica: o guru vem vender
um Diksha, uma iniciação. Neste caso toma-nos por tontos a tal forma que nem sequer é um Diksha a nada em concreto, é apenas o Diksha em si, o próprio acto iniciatório, a nada. Consiste em que uma das pessoas autorizadas para tal coloque as mãos sobre a sua cabeça por cerca de um minuto!

Os efeitos? É simples. Como esta Diksha é nada os efeitos são todos absolutamente psicossomáticos, ou sejam, são aqueles que cada um dos participantes espera que sejam. Aquilo que cada um crê, anseia e desespera por obter. E o mais ridículo é que isto é assumido quase descaradamente no panfleto. Só que envolvido numa estéctica e discurso que mistura espiritualidade hindu, experimentos e explicações cientificas (que nunca ninguém vai confirmar ou pedir as fontes), histórias e pequenas frases new age, a falar de amor e felicidade e salvação, etc.,etc. Sugestão funciona, sabem-no bem os publicitários.

Eu fico pasmo. Se fosse um americano, brasileiro ou até um espanhol a vender o mesmo seria imediatamente considerado um charlatão líder de seita religiosa perigosa que anda a tentar roubar pessoas tontas, ignorantes e desesperadas. Principalmente se fosse cristão. Mas como é um indiano hindu moreno quase negro, então é outra coisa, tem outro charme, outra credibilidade. Se um ocidental diz que é iluminado é logo tachado de pretensioso pois todos consideram que isso é muito difícil, coisa para santos hindus, etc., mas se é indiano moreno hindu aceita-se sem problemas, mesmo que o individuo em questão seja do mesmo calibre que as bruxas da aldeia que até à pouco tempo faziam curas com exorcismos! Isto não é só nacionalismo, creio que isto é discriminação racica. É racismo! É racismo negativo, feito por ocidentais contra ocidentais. Racismo espiritual!

Mas lá está, não só é hindu, é moreno, ri-se muito, tem ananda no nome e ainda é um famoso líder de uma “Universidade da unidade” (assim mesmo, literal) que se apresenta sem querer interferir em religiões, pois supostamente isto está tudo para além das meras religiões. Então tudo bem, vamos. Aliás, publicitemos em escolas de yôga claro, tem tudo a ver, afinal isto também é yôga!

!!!???!!!

Não, isto não é Yôga. Quando muito seria religião, igualzinha à da maioria das seitas evangélicas cristãs que tão rapidamente condenamos. Mas na realidade creio que nem isso é. Trata-se pura e simplesmente de um evento, um espetáculo feito para conseguir dinheiro das pessoas através da sugestão. É circo mesmo.

As pessoas merecem.

O que se passa nestes encontros? O guru aparece, moreno quase negro, às vezes com longa barba branca, se já é velhito, sempre muito sorridente (afinal, tem de expressar a sua felicidade inefável e ainda contagiar os outros com ela). O guru dá o dárshana (deixa-se contemplar), no qual cada um o contempla e daí retira o que bem entende, e espera-se que daí retire algo abençoado. Afinal o guru, iluminado, é a encarnação do divino, é Deus. Entretanto o guru dá alguma conferencia cheia de frases feitas, sempre com alguma coisa de sânscrito (ou pelo menos hindi) pelo meio para parecer que fala de algo muito antigo e sagrado, muito profundo, e expressa-se mal em inglês (o que convém, porque não diz nada de jeito) e ainda tem de ser traduzido (para parecer mais inacessível e não ter de se esforçar a explicar bem minimamente nada), diz que o que ele quer dizer está para além do que as palavras permitem expressar. E ri-se. Ri-se muito. Pelo meio percebe-se que fala qualquer coisa espiritual que deixa claro que o dinheiro e a materialidade são a desgraça deste mundo, e que o melhor é desapegar-se disso tudo. Por falar nisso, esse guru tem sempre uma “obra social” em países de terceiro mundo onde o dinheiro e bens que alguém queira dar (para desapegar-se) pode ser bem empregue. E ri-se. É muito feliz. E os outros também o são, só por estar ao lado dele. E porque assim o querem e crêem desesperadamente. E assim riem-se todos, muito. Choram também, e com isso lavam a alma. E voltam a rir. Todos abençoados pelo guru, que aliás tem sempre o ánanda em alguma parte do seu nome, como não podia deixar de ser.

Entretanto fazem o Diksha, a iniciação espiritual. Em alguns casos inclui a transmição de um mantra secreto, supostamente individual, que é segredado ao ouvido do pagante. Servirá para se concentrarem e meditar através da meditaçao, uma meditaçao com algo de prece. Ou servirá simplesmente para ter algo mais que pagar... às vezes os iniciados recebem novos nomes, sânscritos, de santos, herois, animais misticos ou outro nome fom um significado fantástico qualquer.
Essa iniciação simboliza uma nova vida, um novo começo, uma nova esperança. Tudo o qu eera mau é deixado para trás, como magia. E por tudo e por nada aproveitam e dão abraços uns aos outros. E falam de amor, paz, harmonia e felicidade. E todos se abraçam, choram e sorriem um pouco mais. E todo são felizes. Alguns até têm “experiências místicas”, alguns até se “iluminam”. Outros sentem leveza, espiritual diz-se. A música em grupo (sob a forma de mantras) ajudam à hipnose geral. É a verdadeira psicoterapia de grupo. alternativa e espiritual diga-se. E também mais barata e eficaz que a psicologias e psiquiatrias que nem sempre garantem melhores resultados.

Entretanto, alguns resolvem livrar-se do fardo material doando o dinheiro, o carro e a casa à Obra. Alguns doam a própria vida, que passa a ser de renuncia e sacrifício. A maioria não. Mas uns quantos mais inscrevem-se em outros cursos mais longos, complexos e sobretudo maiscaros. Cursos que prometem ser mais intensos, mais concretos, revelar segredos, operar salvações. A maioria compra pelo menos algum dos Cd´s de musica cósmica, DVD´s de practicas holísticas e terapêuticas, livros sagrados, pedras místicas, incensos mágicos, rosários especiais, etc.

E assim se compreende que organizações espiritualistas, que são anti-materialistas e fazem o discurso do desapego ao dinheiro e bens corpóreos, possam fazer muitos milhares de folhetos e revistas de divulgação caríssimos para um simples evento onde as pessoas vão para que lhes ponham a mão na cabeça! Eventos supostamente gratuito ou semi gratuitos. Aliás, nem lhe chamam preço e sim contribuição. Aliás, a contribuição tem de pagar também as viagens e alojamento do guru (que costumam ficar em alojamentos luxuosos, porque sao muito sensiveis), a sua alimentação, roupa, arrendamento do espaço para o evento, etc. E paga também a “obra social” que o guru “apoia”...

Os gurus passam em tornné para colecta. Quem vai merece. Eu se fosse indiano hindu também me riria e seria muito feliz.

Se você quiser pagar-me para que lhe ponha as mãos na cabeça por um minuto eu também o posso fazer. Contacte. Ligue para 666semvergonha108, e pergunte por Abraçananda.

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Uma breve história do ásana


Ásana: um breve historial

O ásana foi, provavelmente, um dos primeiros aspectos do yôga a despontar, pois é extremamente espontâneo e com o corpo é fácil atrair e concentrar, unir, a atenção em um determinado ponto, conquistando a estabilidade da consciência.

Desde logo a posição sentada é a posição natural para que o Homem se possa relaxar e estabilizar (sem tender a dormir) podendo então concentrar-se e deixar-se meditar acerca do sentido da Vida e demais questões filosóficas e não filosóficas. E tal como é uma posição que naturalmente tende a provocar um estado que permite a estabilidade, a concentração e a meditação, também é a posição que se deve procurar se queremos provocar voluntariamente a meditação através das técnicas de concentração. Assim, a descoberta do ásana, a posição assentada, estável e confortável, como posição óptima de concentração e meditação, deve ter sido um acontecimento absolutamente natural, a constatação do óbvio. E o refinamento que construiu uma série de sub-posições sentadas para meditar foi somente uma questão de tempo, com vários yôgins sentando-se, adaptando a posição conforme o seu corpo, experimentando. Assim como o terá sido a descoberta de outras posições que facilitam a posterior tomada das ditas posições pretendidas, as de meditação, as sentadas. E assim se desenvolveram todas as milhares de
técnicas que hoje chamamos de ásanas: posições físicas firmes e agradáveis, que se podem manter estáveis para meditar e que também desenvolvem força, flexibilidade e a própria consciência do corpo e através do corpo.

Além disso, o ásana é um dos aspectos mais básicos e necessários a ter atenção por quem deseja practicar yôga, já que sem uma posição física firme e estável é muito mais difícil practicar corretamente as demais técnicas (mantras; pranáyámás, concentração, etc.). Assim, á medida que as técnicas do yôga se iam desenvolvendo mais se tornava necessário voltar às bases, criar uma posição de meditação estável, ou seja, criar um ásana, um dhyanásana. E isso consegue-se também com a practica de ásana.

No tempo clássico, o tempo Patanjali e seus Yôga-sutras, quando o yôga era de tendência brahmácharya, repressora, de renuncia, ascética, colocou-se a ênfase no tapas, e o tapas pode e tende exercer-se no corpo. E em alguns momentos o Yôga confundiu-se com essas mesmas practicas ascéticas, de sacrifício e até mortificação, técnicas que produzem calor, que activam a energia interna do Homem através do esforço sobre si mesmo, ou seja o tapas. Também essa ascese corporal se tende a exercer através da imobilização total e prolongada de todo o corpo, ou pelo menos de partes dele. E por essa via também se terão descoberto alguns dos efeitos da permanência estável numa posição imóvel.

De qualquer forma, a posição estável de meditação (o ásana) já era uma possibilidade e necessidade conhecida antes, desde os tempos Védico e pré-clássicos, e foi tomada não só por Patanjali na sua codificação do yôga (os Yôga–sutras), mas também pelos Brahmanes, Budistas, Jainaistas, etc.. Na índia e em geral no extremo oriente sentar-se no solo não era sinal de pobreza e sim um habito cultural absolutamente comum, que se verificava até entre as elites, no palácios etc,. Só com a revolução industrial pós-colonial, já em pleno século XX é que esse habito começou a perder terreno à medida que os indianos adoptam cada vez mais os costumes e jeitos importados do ocidente.

Não se sabe com precisão o momento histórico em que começou a practica da técnica de ásana, ou em que momento essa practica ganhou esse nome. Mas com certeza que os ásanas básicos de meditação já são muito antigos, provavelmente tão antigos como o próprio Yôga e as practicas de meditação em geral. Ou seja, terão 5000 anos ou mais*

*a referência a 5000 ou mais, tão comum acerca da história do yôga, deve-se ao facto de 5000 anos ser o marco que constitui a história, a data a partir da qual existem registros escritos sobre as antigas civilizações. Sabe-se que já existia yôga por esse tempo, um yôga primitivo que nem usaria o nome com que hoje o reconhecemos, mas a partir daí tudo são conjecturas, teorias arqueológicas, antropológicas e históricas. Pelo que afirmar que o yôga tem 8000, 10000 ou 15000 anos, como por vezes se vê publicado, embora seja uma possibilidade real, também não é mais que uma teoria vaga e pouco sólida, sem possibilidades de ser minimamente comprovado.

Nas escavações feitas nas cidades que constituíram a agora chamada “Civilização do vale do Indo”, c encontraram-se “selos” com várias figuras que parecem identificar-se com formas precoces de divindades hindus, nomeadamente Shiva. Em um dos selos mais famosos parece estar uma figura humana que alguns identificam como sendo um yôgi sentado em posição de meditação (samanásana-siddhásana). Isso faz-nos crer que já nessa época pré-classica (4000 a 2000 a.c.), ainda antes do desenvolvimento do Vedismo, já existiam Yôgis e eles já adoptavam esse tipo de posição, os ásanas de meditação.

A importância do ásana como uma practica tantrika que engloba tudo

Foi muito mais tarde, quando o Tantrismo medieval dos séculos VI d. c. em diante, reavivou e retomou a cultura animista muito mais antiga, pré-clássica, que o ásana se tornou um elemento mais presente, valioso e até central da practica do Yôga. Com o valorizar da terra, da mulher, do corpo, do sensorial, a cultura tantrika naturalmente deixou de encarar o corpo apenas como um obstáculo a superar através da imobilização, passando a ser um aspecto da consciência, tão bom como qualquer outro, através do qual o yôgin tantriko se pode conhecer, auto-superar, transformar e transcender-se. Assim se passaram a valorizar os ásanas como técnicas que permitem descobrir a realidade no próprio corpo, que em si mesmo já é um aspecto do Todo e o contém representado. “Tudo o que está aqui está em todo lado, o que não está aqui não está me lado algum” diz um dos mais sonantes sutras Tantrikos. O microcosmos que corresponde ao macrocosmos. No corpo se reconhecem e gerem os aspectos emocionais e mentais, e desde logo toda a fisiologia sutil, tão típica do Tantrismo, que tem como alguns dos seus conceitos nucleares a shákti, a força, poder, energia, o prána, a Kundaliní, representados por chakras, nadís e outros símbolos e conceitos. Todos estes aspectos da consciência humana não são apenas físicos, e podem ser conhecidos e manipulados através de outras técnicas não ojectivamente corporais, tais como os mantras, a mentalização, vizualização e concentração, assim como a realização de rituais variados, dos quais o mais famoso é a união sexual ritual, que une os opostos através da união física, sexual, emocional e mental entre um homem e uma mulher (representando polaridades distintas). Mas os ásanas (em conjunto com os pranáyámas e ajudados pelos Kriyás) também são um caminho possível para alcançar, mover e canalizar a “força”, a vontade, a shaktí, o Poder do Homem. Assim, toma destaque o Hatha Yôga, o yôga da força, que deixa de ser apenas a metade inferior e preparatória do Rája Yôga de Patanjali, para passar a ser em si mesmo uma forma de yôga, onde a concentração, meditação e samádhi não são angas posteriores e autônomos, mas sim estão contidos directamente na practica de ásana e pranáyáma, que passa a ser uma via directa para a “iluminação”.

Também nessa altura, e como resultado objectivo da practica de Hatha Yôga e suas variantes, e nomeadamente como consequência da practica de ásana, ao verificar que essas practicas não apenas constituíam vias filosófico-espirituais mas que também tinham repercussões positivas na saúde humana, o Yôga passou a acumular pretensões terapêuticas, passando as suas practicas mais corpóreas a ser aplicadas como forma de recuperação da saúde no contexto da medicina tradicional hindu, o Ayurvêda*

*Hoje os ocidentais confundem tudo, misturando Yôga que tem fins filosófico, com o Ayurvêda que tem pretensões terapêuticas. O Ayurvêda e o Yôga podem complementar-se, cada um com a sua metodologia, função e plano de actuação, mas não devem confundir-se e misturar-se como se fosse tudo a mesma coisa, da mesma forma que a medicina ocidental e a educação fisica /desporto não se confundem muito embora tenham alguns pontos de contacto e comuns.

Assim, o ásana em conjunto com as técnicas de pranáyámá e de purificação do Yôga (Kriyás – actividades purificadoras) que se juntam aos ásanas pois ajudam á sua execução e desenvolvimento, ganham uma nova faceta até então desconhecida, a promoção da saúde. Isso foi especialmente útil pois dotava as castas e famílias onde o Tantra medieval se desenvolveu de auto-suficiencia e destaque a nível de saúde, vitalidade e bem estar e ainda lhes permitiu ter um motivo plausível para exercer as suas practicas tantrikas quanto o Tantrismo medieval foi perseguido e reprimido pelos Brahmanes em nome da moral e ética tradicional do vedismo clássico (de tendência brahmacharya – patriarcal e repressor, ou seja, o contrário de tantriko), entretanto reavivado pelo grande Shankaracharya baixo os conceitos essencilamente monistas da filosofia Advaita Vêdanta. Assim, não só não acabaram com o Tantrismo (apenas o reprimiram, limitaram e de certa forma marginalizaram), como a sociedade em geral, e os brahmanes e yôgis em particular, ainda passaram a dispor de uma serie renovada de conceitos e practicas que incorporaram aos hábitos e practicas culturais e filosóficas a partir de então, e que se podem ver hoje no Yôga, no Tantra e no Ayurvêda, constituindo verdadeiras técnologias da consciência e que aparecem sob o nome de ásanas, kriyás, pranayámas e mantras, yantras, etc., e que persistem na cultura em geral através dos conceitos de prána, chakras y Kundaliní, entre outros, assim como nos movimentos devocionais dirigidos à shaktí (shaktismo) e a Shiva (Shivaismo).

O ásana na modernidade

Apesar da extraordinária valorização e desenvolvimento da practica de ásanas desde tempos muito antigos e desde logo desde o advento do tantrismo medieval, quando chegamos ao século XIX e inícios do século XX a practica de ásanas era marginal. Estava em plena decadência. Aliás, toda a cultura hindu e com ela o Yôga, estava em plena decadência após muitos séculos em que houve o advento e expansão da cultura muçulmana e depois também a chegada de potencias dominantes da Europa, nomeadamente os portugueses, franceses, holandeses e sobretudo os Ingleses que consolidaram o seu predomínio no território hoje chamado Índia a partir de meados do século XVIII e até metade do século XX.

Embora nunca se tenha extinguido, a practica de ásanas estava tão pouco valorizada que no inicio do século vinte era quase invisível. Desde logo havia poucos mestres de Yôga que se dedicavam em essa vertente considerada menos nobre, limitada e meramente utilitária do Yôga. O texto central do Yôga (Yôga-Sutras) referia e conceitualizava a practica de ásana, mas pouco passava disso mesmo, uma referencia à necessidade de assentar o corpo de forma estável para então proceder à practica de yôga, nomeadamente da meditação. Havia também alguns outros textos medievais e posteriores (Hatha Yôga Pradipika, Ghêrandha Sámhita, e outros menos conhecidos) que referiam a practica de ásanas. Mas esses tratados eram desconhecidos para a esmagadora maioria dos Hindus e até de grande parte dos poucos mestres de Yôga que ainda existiam, já que não estavam traduzidos do sânscrito e outros dialetos nos quais foram registrados a escrito, e por esta altura o conhecimento do sânscrito era ainda mais residual que em tempos anteriores, interessando apenas a um numero reduzidíssimo de eruditos brahmanes (sacerdotes) pois era sua função conhecer os textos que continham a sabedoria védica e maneira de utilizá-la socialmente nos rituais e cerimônias religiosas. Some-se a tudo isto a pobreza muitas vezes extrema em que viviam a maioria dos indianos hindus nesses últimos séculos coloniais, pelo que dedicar-se ao Yôga e nomeadamente ás suas practicas físicas era ou uma fuga do mundo, ou um luxo que poucos podiam tomar, já que era absolutamente necessário trabalhar para fazer subsistir as suas famílias. As próprias leis, tanto dos britânicos como dos rájas (reis) e gurus (mestres, muitos deles os sacerdotes hindus, os brahmanes) que durante algum tempo os ajudaram a controlar a população, desaconselhavam dedicar-se a outras actividades que não o trabalho que os próprios gurus, rájas e britânicos controlavam e exploravam. Num contexto de pobreza extrema nunca se exalta a dedicação ao corpo, à sensorialidade e sexualidade que isso desperta, não só porque o contexto desvia daí a atenção como porque por aí se tendem a gerar movimentos libertários...

A decadência das practicas de yôga em geral e de ásana em particular foram de tal modo que ao revitalizar-se essa practica em inícios do século XX os hindus já o fizeram à sua maneira tão típica: incorporando conceitos estrangeiros, nomeadamente da ginástica ocidental, passando a realizar-se ásanas com movimento e repetições, ao estilo da ginástica britânica com a qual os seus exércitos se mantinham “em forma”. Apesar dos movimentos nacionalistas hindus que começaram ainda no século XIX e se repercutiram na soberania adquirida no século XX, e que reclamavam a soberania política e também o respeito e revitalização das tradições hindus, o Yôga só voltou a ganhar importância e reconhecimento, inclusive na própria Índia e aos olhos dos indianos hindus, quando os ocidentais se interessaram por ele. Primeiro traduzindo alguns dos antigos textos em sânscrito para Inglês e para Hindi (máxime o Bhagavad Guitá). Depois resolvendo provar algumas das variadas filosofias Hindus que entretanto tinham estudado, adoptando e practicando essas respectivas vias espirituais, nomeadamente o Yôga e o Tantra. Primeiro importou-se o Yôga por entre outros fragmentos da cultura hindu, Budista e de outros orientes, como uma espiritualidade alternativa que deveria colmatar o vazio espiritual ocasionado pela derrocada do cristianismo e desilusão com “A ciência” que não só não colmatou o vazio como ainda aumentou os temores ao prover material tecnológico bélico para as duas grandes guerras mundiais, nomeadamente a bomba atómica, colocando o Homem perante o drama fundamental da sua própria extinção como espécie. Tal como na Índia medieval, também no ocidente o Yôga enquanto practica física também foi mais fácil de compreender e aceitar quando abordado de um ponto de vista terapêutico e utilitário. E foi já em pleno século vinte que o ásana foi reabilitado, com alguma deturpação pois foi misturado e practicado com educação física (tanto na Índia como no ocidente, assumindo o papel de fitness oriental exótico) e/ou como ginástica terápêutica. Foi reabilitado na Índia por uns poucos professores oriundos de umas poucas escolas e importado massivamente para o ocidente, tanto pelas mãos de indianos hindus como de ocidentais que deles aprenderam e rapidamente disseminaram por academias, ginásios, associações recreativas e culturias, ashrams e outro tipo de escolas de yôga, e nas últimas décadas até por entre empresas e afins, clubes nocturnos, programas televisivos, etc. Tudo se acelerou na década de 80 quando a recessão e ressaca de década de 60, que popularizou o Yôga pela primeira, fez passar o idealismo hippie ao pragmatismo yuppie e impôs a necessidade de evidenciar o utilitário sobre o espiritual, e nada mais visivelmente utilitário que o ásana. Isso só preparou caminho á explosão da moda que eclodiu já na década de noventa em diante e que leva a que hoje o yôga no ocidente seja confundido pela maioria das pessoas leigas e semi-leigas com ásana, e este com uma practica física de fitness e ou terapêutica, quando não mesmo de desporto de competição! Os pioneiros que primeiros se destacaram nessas practicas de ásana são confundidos com artistas contorcionistas e admirados por essas suas capacidades. Na sua grande maioria ainda estão vivos (têm entre 50 e 100 anos) e alguns deles são autenticas pop stars.

Hoje: o ásana na sua plenitude ou...à beira de extinção?

Não deixa de ser interessante constatar como uma practica que era irrisória há apenas 100 anos atrás se tornou uma moda frenética global practicada por dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo! Hoje há mais pessoas a practicar yôga, e principalmente ásana, do que em qualquer outro periodo da história. O ásana tem hoje em dia uma preponderância no yôga que nunca antes tinha tido, ao ponto de muitas pessoas identificarem as duas coisas, resumindo o yôga a ásana! Há eximios praticantes e professores em todo lado do mundo. Mas ainda será Yôga o que se faz em 90% dos casos que por aí se anunciam? Será ásana? Ou será meramente ginástica? Ginástica de fitness ou terapia com muita pretensão, cheiro exótico e fama de milagreiro?!

Parece que após a loucura das últimas 4 décadas (desde os anos 60 ao novo milénio, e em especial desde a década dos 90) que fez o yôga, e nomeadamente o ásana, registar-se no património cultural global, a percepção sobre estas practicas pode estar de novo a mudar. Algumas nuvens passam servindo de alerta para os efeitos negativos de tanta massificação. Nomeadamente os programas de TV “Yôga Inc.” e o artigo da Time “When Yoga urts”, parecem apontar para uma visão mais madura, menos optimista e voluntarista desta practica milenária. Ou seria milionária?

É que por outro lado o Yôga é hoje um negócio que move milhões e que tem muitos interesses instalados e uma serie deles ainda maiores a querer instalar-se. Em alguns países há uma série de instituições reguladoras de profissões, nomeadamente profissionais da Educação física e de sectores terapêuticos que tentam controlar o Yôga em geral e o seu aspecto físico em particular, de modo a poder abocanhar o negócio de muitos milhões de euros que se gera anualmente em torno a actividades que se anunciam como yôga. Nos EUA há inclusivamente o esforço de alguns empresários do Yôga no sentido de o integrar no sistema nacional de saúde, ou pelo menos integrá-lo na categoria de subsidiável, de forma a aceder a subsídios e deduções fiscais de somas avultadas. Grandes marcas têxteis do sportsware, como Addidas ou Nike, já obtêm mais lucros com as suas linhas têxteis para Yôga que todos os professores de yôga juntos! Já para não falar da inclusão do yôga como exercício virtual, orientado através de uma consola de jogos! Onde ficam os propósitos e ideais filosóficos no meio deste negócio de biliões?

Enfim, se o futuro de alguma coisa chamada Yôga parece assegurado, qual é exactamente esse futuro já é mais difícil de prever. Os mais pessimistas advertem que o yôga como via filosófica pode acabar em apenas uma geração!

Uma novela a seguir nos próximos séculos...
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O que é real? O que é verdade?

Tudo é REAL

A existência é. Está. Foi. E vai sendo. E nada há além da existência. E logo, tudo é realidade. Até o nada e o próprio além cabem no real. Pois a existência é a nossa consciência. E a nossa consciência é a verdade. A existência é permanentemente impermanente. Absolutamente estável na instabilidade. Una e versa. Toma muitas formas. Incluindo o não, a morte, a falsidade, a mentira, a esperança, o sonho, a ilusão e o ego, que são reais e verdadeiros enquanto tais. A realidade é emoção e intuição. É corpo e é mente, e todos os nomes que quiser dar à consciência. Eu chamo-lhe também natureza e vida.

Tudo o que a consciência concebe existe, e logo é real, e essa é a verdade.

Consciência = existência
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Universo


Uno & verso

A realidade é Una. E versa! Por isso lhe chamamos universo…

Há, como sempre, uma imensidão de conhecimentos da existência. Saberes diversos e dispersos que convergem, competem, se contradizem e colaboram. Explicam e prevêem o mesmo e outras coisas. Expressam-se de formas distintas, o que tanto produz entendimento como equívocos. Agrupam-se e classificam-se, de forma nunca permanente e estável, atribuindo-se-lhes nomes. Nomes que nunca são inequívocos, e se referem a muitos “ir sendo”…

Mas toda essa produção diversificada compõe um Uno. E provém de um Uno. Esse Uno é a
nossa consciência. A consciência Humana, feita de corpo, sensações, emoções, raciocínio, intuições, memória, imaginação e criatividade.

Não obstante haver cada vez mais conhecimentos a fazer cada vez mais teorias e previsões sobre a existência, esta torna-se, por isso mesmo, também cada vez mais complexa. Assim, mesmo conhecendo cada vez mais, o universo continua igualmente desconhecido e a vida continua a ser absolutamente imprevisível! E não nos cabe outro papel que continuar a conhecê-la, a vivê-la, a mudá-la, para que tudo se mantenha na mesma! Tudo muda para ficar na mesma!

Os conhecimentos não têm mais ou menos credibilidade e valor por serem de um qualquer tipo específico, que não se consegue definir com um mínimo de exactidão e consenso, e que permitiria fazer essa separação e distinção. Nem por supostamente surgir ou obedecer a algum pretenso método epistemológico diferenciado, também ele indefinível (a não ser “por alto”), pois todos os conhecimento afluem de forma igualmente espontânea e complexa à consciência. A validade de qualquer conhecimento não lhe advém por ser racional, emocional, intuitivo, ou qualquer outro nome com o qual nos referimos a algum aspecto da consciência. Até porque a maioria dos conhecimentos são e advém de tudo isso ao mesmo tempo.

A validade de qualquer conhecimento está na utilidade. Na utilidade que tem para a vida em geral, e para a vida de cada um. Na utilidade que tem para a vida no processo de criar mais…vida. E nesse processo a utilidade pode ser a de prover esperança, integração, segurança, afirmação, energia, etc, à nossa existência, tanto individual como colectiva. E portanto, é a vida em geral, e cada um em particular, que determina quais conhecimentos são mais validos e credíveis em cada momento.

A existência é vivida por egos. E o ego, tanto como deseja integrar-se na Unidade, não pode deixar de se afirmar, pela diferença. O ego, pela sua natureza, acha insuportável e inaceitável qualquer unidade que o dissolva (mesmo que nisso lhe apresente o infinito). A única Unidade que vislumbra com agrado e intenso desejo seria uma unanimidade de apoio e reconhecimento, o que choca com o mesmo desejo de egos alheios e por isso nunca se concretiza. Mas o ego não desiste. Nunca. Sempre insiste em distinguir, ainda mais para separar e conquistar, do que para discernir, entender e unir. E assim tenta, por exemplo, definir “tipos de conhecimento específicos”, dos quais o melhor é sempre o seu, claro! Ditaduras de todos os tipos, incluindo culturais e até epistemológicas, são tentações ás quais não podemos resistir. É a nossa natureza.

Mas, se aprofundarmos bastante qualquer análise, se aproximarmos ou afastarmos muito intensa e duradouramente a observação, as verdades transformam-se, e tanto as diferenças e separações como a união entre as coisas começam a ser menos nítidas. No que antes era Uno começa a discernir-se um oceano de diversidade, e nesta, se continuarmos o dárshana, a diferença começa a dissolver-se de novo no Uno.

A consciência flui. Mantém-se absolutamente estável na sua instabilidade.

É Una & versa…
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Focando o foco...

Ponto de vista: Freud!

De todos os pontos de vista, aquele que me parece melhor é o ego!

E dentro do ego, parece-me que há dois factores, absolutamente nucleares e interligados entre si, que são a base de tudo: a energia (leia-se $$$) e o sexo! Ou seja:poder.

Algures por entre todas as Uniões e desuniões está lá o dinheiro e o sexo. E esses dois factores, tão profundamente interligados, explicam quase tudo.
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Ego...



...Ismos

O único "ismo" que realmente sou adepto apoiante é o egoísmo!

É o único honesto consigo mesmo e com os outros. Aliás, é a base comum a todos os outros, incluindo o altruísmo!

O meu egoísmo é, naturalmente, o…Antonismo! Mas não se assuste. Não me tomo muito em sério e gosto muito de outros egos! Quiçá até do seu. E um dos dogmas básicos da minha doutrina é um que já ouvia do meu querido pai (que se diz de outros ismos): quanto melhor estiverem os outros melhor estou eu, e vice-versa!

Já disse isto antes em vários aspectos, e as paranóias do ego deixo para os outros...
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